Por que os imóveis em Joinville valorizaram até 15% ao ano? A resposta está nos índices da construção civil!
- piskoremattos
- 26 de mai.
- 4 min de leitura
Atualizado: 27 de mai.
Nos últimos 12 meses, quem tem acompanhado o mercado imobiliário de Joinville se deparou com um fenômeno interessante: em diversos bairros, os imóveis sofreram uma valorização de até 15% em apenas um ano. Esse aumento expressivo chamou a atenção de muitos, mas é importante entender as causas por trás desse crescimento para que possamos fazer uma análise precisa.
O que pode parecer uma valorização impulsionada pela especulação de mercado, na realidade, tem uma base sólida e está diretamente ligada a dados econômicos e índices técnicos, que refletem a dinâmica da construção civil e seus impactos sobre os preços dos imóveis. Entre os principais responsáveis por essa valorização estão os índices que monitoram os custos de construção, como o CUB (Custo Unitário Básico) e o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção).
Esses índices funcionam como um termômetro do setor, e, ao longo dos últimos meses, têm mostrado uma alta constante nos custos de construção. Se formos analisar a comparação entre os principais índices econômicos e os da construção civil, a diferença é notável:
Comparação entre os índices acumulados nos últimos 12 meses (dados de abril de 2025):
INCC: +7,52%
CUB/JOI: +5,75%
IPCA: +5,53%
INPC: +5,32%
IGP-M: +8,50%
Enquanto a inflação oficial medida pelo IPCA apresentou um aumento de 5,53%, os custos da construção subiram a um ritmo mais acelerado. O INCC, por exemplo, apresentou uma alta de 7,52%, evidenciando o impacto real dos aumentos de custos que as construtoras enfrentam para produzir imóveis.
Esse aumento nos custos de construção não é apenas uma questão de números. Ele reflete a realidade do setor e impacta diretamente no preço final dos imóveis, especialmente nos lançamentos. Mas, além dos números econômicos, outros fatores também influenciam a valorização dos imóveis em Joinville.
Pressões adicionais que impulsionam a alta dos custos de construção:
Escassez de mão de obra qualificada: O setor da construção civil enfrenta uma grande falta de profissionais especializados, o que eleva o custo da mão de obra. Isso ocorre porque os trabalhadores qualificados são cada vez mais escassos, forçando as construtoras a pagar mais para atrair os melhores profissionais.
Aumento nos preços de insumos: Materiais básicos, como aço, cimento e PVC, estão com preços mais altos devido a fatores como a oscilação cambial e os custos de logística global. O impacto da pandemia e a crise nos transportes também contribuíram para o aumento nos custos desses insumos.
Encargos trabalhistas e reajustes contratuais: A construção civil é um setor que lida com custos de mão de obra elevados e reajustes frequentes nos contratos, o que impacta diretamente no custo final da obra.
Além desses fatores, o cenário econômico atual, em especial as altas taxas de juros, também contribui para essa valorização. O Custo Unitário Básico (CUB) e o INCC são influenciados por uma série de fatores indiretos que se refletem no preço final das construções, como a taxa Selic.
O impacto da Selic no mercado imobiliário e nos índices da construção civil
Embora a taxa Selic não influencie diretamente os índices como o INCC ou o CUB, a alta da taxa tem uma relação importante com a dinâmica do setor da construção civil. A alta da taxa básica de juros impacta o financiamento imobiliário, tornando-o mais caro para quem deseja adquirir imóveis financiados. Mas os efeitos não param por aí.
O aumento da Selic também reduz a disposição das construtoras para realizar lançamentos imobiliários. O crédito para a compra de insumos e para a contratação de empreiteiras fica mais caro, o que leva as empresas a serem mais cautelosas na execução de novos projetos. Esse efeito de redução da oferta de imóveis contribui diretamente para a valorização dos imóveis prontos, já que a oferta se torna mais escassa.
Além disso, os contratos de venda de imóveis, que muitas vezes estão atrelados ao INCC, sofrem com a maior volatilidade desses índices. Em um cenário de taxa Selic alta, o custo de correção desses contratos pode aumentar, repassando esse custo ao consumidor final.
Portanto, a valorização de até 15% nos imóveis de Joinville não é um fenômeno isolado ou fruto de uma bolha especulativa. Ela é um reflexo do aumento real nos custos de construção civil, da escassez de mão de obra, dos desafios com os preços dos insumos e, claro, da dinâmica econômica que envolve a taxa Selic e o custo do crédito.
Conclusão: O futuro do mercado imobiliário em Joinville
Para quem está planejando adquirir um imóvel nos próximos anos, acompanhar esses dados e entender os movimentos do mercado imobiliário é fundamental para tomar decisões informadas. A cidade de Joinville, com sua constante valorização e qualidade de vida, segue como um polo de atração para quem busca novos lares e investimentos. Mesmo que o momento da compra ainda esteja distante, ter acesso a informações confiáveis e a uma análise aprofundada do cenário atual pode ajudar a planejar a aquisição de forma estratégica.
Entender a relação entre os índices da construção civil, os custos de materiais e mão de obra, e a dinâmica da Selic é essencial para quem deseja acompanhar as tendências do mercado imobiliário e se preparar para o que está por vir. Afinal, quanto mais cedo você entender esses movimentos, mais preparado estará para tomar a melhor decisão.



Comentários